Toda DOR é preocupante após o câncer de mama?

Toda DOR é preocupante após o câncer de mama?

Toda DOR é preocupante após o câncer de mama?

Recebi essa pergunta na caixinha desse final de semana e não poderia deixar de transformá-la em post.

Primeiro porque vejo muitos pacientes esperando a data de nossas consultas com dores que poderiam ser resolvidas rapidamente.

Segundo porque DOR é um sintoma que traz MUITA ansiedade e medo. E como já conversamos aqui, esses sintomas muitas vezes seguem de mãos dadas com nossas pacientes.

Vou começar aqui com a mais famosa: A DOR NA MAMA.

Se essas dores já são comuns ANTES do câncer (por DIVERSOS motivos), imaginem depois!

Sua incidência após o tratamento é MUITO alta por causas variadas e que se somam: sequela da cirurgia, radioterapia, uso de próteses e expansores, variação hormonal, etc.

Tenho posts aqui no Instagram nos quais mergulho nessa questão. Mas quero tranquilizar vocês: a dor na mama após o câncer é comum, mas é claro que devemos estar alertas caso haja alguma mudança em seu padrão. Acontecendo, procure seu mastologista.

“DOR NO CORPO TODO”

Essa frase merece uma reflexão: onde é realmente a sua dor? Autoconhecimento é NECESSÁRIO. Seguem opções:

PEQUENAS ARTICULAÇÕES (mãos, pés, punhos, etc.) É MUITO relacionada aos inibidores da aromatase (letrozol/anastrozol…), que são bastante usados no tratamento.

E quem me acompanha aqui, sabe que existe alívio: desde atividade física, acupuntura e perda de peso, até medicações ou a troca da droga, em último caso.

Se não for um efeito colateral do anastrozol/letrozol (mas sim questões não relacionadas ao câncer), consultem um reumatologista. Quanto antes iniciarmos o tratamento de artrites e condições similares, melhor será o prognóstico.

GRANDES ARTICULAÇÕES

Seja artrose (presente em até 10% das mulheres acima dos 60 anos), condromalácia, lesões de menisco nos joelhos, tendinite, bursite, rupturas nos ombros ou diversas outras condições, esses problemas são muito frequentes. É claro que nós, oncologistas, podemos e devemos reconhecer esses sintomas em nossos pacientes. No entanto, quem melhor os examina, diagnostica e trata é o ortopedista.

E lembrem-se: na maioria dos casos, o tratamento não se resume apenas a medicações, mas também inclui fisioterapia, perda de peso, exercícios e… muita paciência!

DOR NAS COSTAS

Hérnias, artroses (o famoso “bico de papagaio”), lesões musculares, fibromialgia, entre outras, são condições cuja incidência aumenta com a idade, o ganho de peso, hábitos de vida inadequados e outros fatores.

O tratamento costuma ser contínuo e multidisciplinar. Clínicos e ortopedistas podem fazer a avaliação inicial, mas a abordagem pode envolver também neurocirurgiões, fisioterapeutas, mudanças de hábitos e… paciência!

São tratamentos prolongados para doenças que, muitas vezes, se desenvolveram ao longo de anos.

DOR DE CABEÇA

Enxaqueca, pressão alta, distúrbios do sono, baixa ingestão de água, problemas musculares, oculares, tensão, sinusite… Ufa! São muitas possíveis causas e uma incidência que chega a 30% da população geral.

Afinal, quem nunca?

E, sim, é natural que o medo apareça. Procurar o oncologista é importante, e ele provavelmente fará algumas perguntas e dará orientações (como tudo o que mencionei até aqui).

Mas se o contato com ele for difícil, vale observar seu sono, ansiedade, hidratação e outros sintomas associados ou buscar outro atendimento médico.

Aliás, medir a pressão é sempre uma boa ideia! As doenças cardiovasculares continuam sendo as mais comuns em nossa população.

DOR DE ESTŐMAGO (QUEIMAÇÃO), DOR DE BARRIGA (DIARREIA?), DIFICULDADE DE ENGOLIR, DOR AO EVACUAR (FISSURA? HEMORROIDA?)

São sintomas com origens MUITO variadas e acho muito interessante considerarem a ida ao gastroenterologista. Ele fará o exame físico e investigação das causas com exames. Em geral, são áreas que não estão relacionadas à metástase do câncer de mama.

DORES GINECOLÓGICAS – dentro da oncologia, a maioria delas têm relação aos sintomas de menopausa induzidos pelo tratamento. E sempre, sempre, sempre, o ginecologista vai nos auxiliar, inclusive se as queixas não forem relacionadas ao câncer.

“DOR DA ALMA”

De todas, acho que é a mais frequente. Ela pode ser representada pelo medo da recidiva (doença “voltar”), dificuldade do retorno às atividades habituais, queda da autoestima, sensação de solidão, depressão, ansiedade, tristeza.

E, sim, tem tratamento. E como a maioria das dores já citadas, o tratamento é looooooongo e demanda, muitas vezes, várias abordagens.

Desde psicólogo à mudanças de hábito de vida, medicações, etc.

Mas vale a pena. A gente vale a pena.

Merecemos ser felizes.

De forma alguma, estou sugerindo que o oncologista não seja acionado.

Mas que tenhamos calma e atenção ao nosso corpo. Ele nos diz muito.

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