Como Estamos? O desafio do câncer de mama.
Vou dividir agora com vocês um pouco da trajetória que segui até chegar aqui nesse blog. Vocês devem se perguntar: “Por que ela escreve tanto sobre si mesma? Porque divide tanto o seu mundo com pessoas que ela não conhece?”. Vários colegas médicos também me fazem essa pergunta. E tem um motivo!
Tudo começou em 2015, quando meu pai, medico mastologista, teve câncer de mama. O tratamento todo foi muito sofrido.
Passei a perceber de uma forma diferente a vivencia de quem passava pelos tratamentos que sempre prescrevi. Agora, os caminhos, mais do que nunca, não eram mais só do paciente que estava sentado à minha frente. Os caminhos passaram a ser meus também.
Depois de tudo que vivi ao lado do meu pai, entendi que, além do médico que está acompanhando a gente ter que ser bom, ele deve antes de tudo ser uma pessoa que nos escute e que esteja apto a dividir essa rotina com a gente. De verdade.
E assim escrevi o livro. Nele conto os 121 dias que vivemos, desde o dia em que percebemos o nódulo na mama do meu pai, até poucos dias depois de sua última quimioterapia. É um diário baseado em nossas trocas de whattsapp. Falo de amizades, do dia a dia corrido que eu tinha conciliando meu papel de mãe com o de filha, falo de fé e, sobretudo, de amor.
Por meio da minha história, pude alcançar muitos pacientes que sentiam o mesmo que eu sentia e achavam que estavam sozinhos. Eu também senti medo, angústia, ansiedade e também fui convocada a ter coragem. E em cada aula que dei sobre o livro percebi que ninguém está sozinho. Estamos e estaremos sempre juntos na caminhada.