Na verdade, essa é uma continuação do post da semana passada onde coloquei frases que os pacientes que estão passando pelo câncer ouvem (e não deveriam ouvir).
Recebi várias mensagens de agradecimento, algumas MUITO emocionantes e resolvi falar de quem está do outro lado: os familiares e amigos.
Quem leu meu primeiro livro sabe que, quando fui familiar de paciente, também chorava sozinha no meu carro. Digo, “também” porque quem está com câncer sofre (e chora) MUITO sozinho (e escondido).
Mas aqueles que são próximos sofrem tanto ou até mais (como sugerem algumas pesquisas) que o próprio paciente.
Ver que a gente ama sofrer é muito angustiante!
Mais ainda, muitas vezes o acompanhante sofre, mesmo quando o paciente não está sentindo NADA. Seja a preocupação com o prognóstico da doença, o tratamento, os sintomas, em como ajudar a resolver essas queixas (uma comidinha gostosa, ou a busca pela vitamina que “dê uma levantada”, etc) e várias outras questões que nem mesmo imaginamos.
Eu lembro que, quando meu pai ficava um pouquinho mais quieto (só quem leu meu livro vai entender essa), eu ficava doida! Achava que ele estava sentindo algo e não queria me contar. Perguntava tanto que chegava a incomodá-lo. Na maioria das vezes, ele só queria ficar quieto. Foi muito difícil.
Por que eu estou falando isso?
Porque da mesma forma que só o paciente sabe o tamanho da sua dor, a família também passa por isso. E por não querermos dividir nosso sofrimento (para não ver quem amamos sofrer), grandes silêncios são criados. Esses silêncios podem criar muitos mal entendidos.
Então, como agir?
Tudo o que eu escrevo sobre esse tema, é baseado nas minhas vivências. Tanto pessoais como na minha rotina com pacientes.
Mas tenho certeza de que não existe fórmula mágica. Ninguém está preparado para passar por isso. Fato!
Acreditem que ajudar e dar apoio muitas vezes consiste em estar perto. Sem perguntas, opiniões e cobranças. Apenas estar apostos para ouvir e acolher. Deixe o outro decidir o que quer compartilhar.
Outra dica: Se cuidem!
Infelizmente, é muito comum os cuidadores perderem o autocuidado ao longo dessa caminhada. Não façam isso!
Se a ansiedade e a tristeza estiverem fortes demais, procurem ajuda!
Psicólogos não são só para pacientes e NINGUÉM é super-herói.
Mantenham suas atividades físicas, o contato com os amigos, atividades que dão prazer e hábitos de vida saudáveis.
Lembrem-se sempre que no avião, quando caem as máscaras de oxigênio, devemos colocá-las primeiro em nosso rosto.
Só podemos cuidar bem de alguém se estivermos bem.
A vida é feita de ciclos e cada ciclo tem seu tempo. O tempo de cada pessoa, é único.
Não se cobrem tanto. Não se culpem.
Muitas vezes, ao nos aprofundarmos na dor do outro, nos abandonamos.
E não, não é fácil. Cuidar exige paciência e parcimônia.
Não sufocar o outro, dar espaço, acolher e ouvir.
Esteja presente, ame e cuide, mas nunca esqueça de si.
Vamos fazer esse carinho durar o ano todo!
Vamos multiplicar amor.
Dúvidas? Deixe aqui!
Salve o post, daqui a pouco uma dúvida vai bater!
Tenho CERTEZA de que podemos ajudar MUITA gente, compartilhe!
4 comentários sobre “Um post dedicado aos familiares de pacientes oncológicos ( e a todos que os amam)”
Olá, o meu nome é Andreia e sou doente oncológica (Carcinoma da mama).
Adorei os seus posts, super pertinentes. Sou enfermeira mas neste caso sou só doente, sinto-me imensas vezes só neste caminho q percorro, vejo as minhas dores serem vistas como pieguice bem como o meu esquecimento como uma invenção minha…estou muito cansada!!! Só quero sentir-me normal, decidi pesquisar e eis que dei com os seus posts Dra. Sabrina Chagas…Muito obrigado do fundo do coração!
Que bom que gostou! Humanizar o atendimento é o caminho. Conte sempre comigo!
O mais triste é que não podemos compartilhar nossas preocupações e situação porque vamos deixar as pessoas tristes. Po outro lado os estranhos acham que você fez 1 sessão de quimioterapia e está curado. Há muita falta de informações sobre o câncer.
Há muita falta de informação e muita informação falsa/confusa. Tenho alguns podcasts sobre as questões familiares x câncer, vale a pena. Qualquer coisa, estou aqui, sempre a postos 🙂
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