2022 ASCO Annual Meeting Advancing Equitable Cancer Care Throught Innovation

A ASCO 2022
É o maior evento de oncologia no mundo! 🌎

E sempre é emocionante! 💞

Não só por estarmos participando ativamente de momentos que reúnem os maiores profissionais dentro do tema, mas por assistir de perto as grandes mudanças de paradigmas no tratamento do câncer.

Esse ano permaneci online ainda, mas estive atenta à todas as novidades que impactam diretamente o dia-a-dia de nossos pacientes. Hoje vou falar delas pra vocês.

Não todas, já que são centenas de trabalhos, mas as que acredito serem mais importantes para nossa prática. Vamos lá?

Por ser tão importante para a definição das diretrizes do tratamento do câncer, a ASCO traz também, todos os anos, um tema.

Eu sempre enfatizo muito esse ponto pela certeza de que a realidade diária de cada paciente vai muito além do que prescrevemos. Hábitos de vida podem mudar a história da doença, bem como questões culturais, sociais e subjetivas.

Dentro desses assuntos, já vi a ASCO falar de esperança, das disparidades sociais, entre muitos outros. Esse ano, a pauta foi a desigualdade no tratamento e no acesso aos medicamentos oncológicos no mundo.

Fico extremamente feliz com esse olhar além!

🌟 O estudo mais impactante, sem dúvida foi o DESTINY-Breast04. Tão importante que foi apresentado na Plenária do congresso, onde os 5 trabalhos mais impactantes são discutidos.

Ao final, as centenas de pessoas presentes aplaudiram de pé! Muita emoção perceber como o tratamento oncológico se transforma a cada dia. 👏

Voltando ao artigo…

📑 Foi o primeiro a mostrar benefício clínico significativo de um agente anti-HER2 (drogas que eram usadas apenas para tratar quem era considerado Her2 positivo) em pacientes com câncer de mama metastático (que já têm a doença em outros órgãos ou tecidos) que expressam baixos níveis do receptor HER2 (isso é visto na imunohistoquimica), após falha ao tratamento prévio.

O nome da medicação é trastuzumabe-deruxtecana e ela dobrou a sobrevida livre de progressão e aumentou sobrevida dos pacientes (que são parâmetros muito importantes em pesquisas!). 😱

Agora é torcer para a aprovação rápida da droga para esse grupo de pacientes.

📌  Biópsia líquida
Um tema ainda um pouco distante da nossa realidade, mas que avança demais a cada ano.

O que seria? 🤔
Consiste na busca através da avaliação do exame de sangue de resíduos mínimos de doença (no caso, o DNA circulante do tumor).

Quando falamos desse exame, estamos falando de algo que os exames de imagem ainda não vêem.

Esses resíduos, uma vez encontrados, refletem uma doença que é mais agressiva.

Esse pequeno estudo, foi realizado com 103 pacientes com câncer de mama Her2 negativo e com receptores hormonais positivos de alto risco, mostrou que através da biópsia líquida, foi possível predizer a recidiva até um ano antes dela ser percebida através de exames de imagem.

Uma nova era está prestes a se tornar realidade!
https://doi.org/10.1200/JCO.22.00908

📌  Para pacientes com câncer de reto avançados localmente:

Foi um estudo pequeno, é verdade. E também ainda fase 2 (precisamos da fase 3 para que as drogas possam ser usadas na prática).

Mas foi MUITO PROMISSOR!

Nesses pacientes o tratamento costuma incluir radioterapia e quimioterapia antes da cirurgia. Com esse estudo, usando uma nova droga chamada DOSTARLIMAB, os pacientes não precisaram nem de cirurgia, nem de quimioterapia ou radioterapia.

Ou seja, 100% dos pacientes tiveram resposta completa. Vale ressaltar que os pacientes selecionados tinham um deficiência de reparação, chamada “mismatch repair deficiency”.
https://www.nejm.org/doi/pdf/10.1056/NEJMoa2201445

📌  Vamos falar sobre MEDO?

Um artigo que poucos falaram, mas que muito me chamou atenção abordou o Medo da Recorrência ou da Progressão da Doença.

Em 2020, foi descrito como um constructo presente em até 85% dos pacientes e pode ser considerado uma de suas necessidades menos atendidas.

Dentro desse contexto, são pessoas que apresentam piora de sua qualidade de vida, ajuste psicossocial, sofrimento e sintomas físicos mais intensos. Além disso, o artigo fala de uma incidência maior desse MEDO em pacientes do sexo feminino, jovens e que já tinham algum grau de sintomas emocionais previamente.

E sim, temos muito a fazer:
O reconhecimento precoce, suporte e a validação desses sentimentos relacionados ao MEDO da recorrência, nos permitem o encaminhamento à diversas abordagens terapêuticas, entre elas psicologia e terapia cognitiva. Para chegarmos nesse ponto, uma boa relação profissional de saúde-paciente, é fundamental!
https://ascopubs.org/doi/10.1200/EDBK_100031

📌 Óbvio que a ASCO não iria deixar de fora esses artigos. E foram muitos!

Quero reforçar aqui que exercício É REMÉDIO, porque todo dia atendo pacientes muito preocupadas com a realização de vários exames (MEDO da recorrência citada anteriormente), mas que são sedentárias!

Dito isso, vários protocolos foram apresentados, resumindo temos que:
O exercício deve ser praticado durante todo o tratamento do oncológico.
Sua prática atenua os efeitos adversos relacionados ao tratamento
Sua prática reduz a mortalidade específica e geral principalmente em
câncer de mama, próstata e colorretal.

Existem modelos de atenção para a implementação de exercício como parte do plano de tratamento do câncer, e o apoio e incentivo da equipe de atendimento desempenha um papel importante para motivar os pacientes.
https://doi.org/10.1200/EDBK_349635

📌 Por fim, e não menos importante, destaco a seguir trabalhos que falaram de sexualidade, desigualdades sociais, raciais e de gênero.

Claro que tivemos centenas de artigos importantes sobre vários assuntos, e nunca iria conseguir colocar tudo aqui. Mas dentro da Humanização que busco no atendimento, vou além da importância da qualificação e excelência técnica que devemos ter.

Temos que olhar o paciente como um todo e não só como doença. Esses temas a seguir, são pouco falados, mostrados e comentados. Precisamos falar sobre isso! 🥰

Não esqueçam de compartilhar o post e marcar aqui nos comentários aquela pessoa que precisa acompanhar essas atualizações! 😉 #DraSabrinaChagas #cancer #asco2022