“O Cérebro da Quimioterapia” Você sabe o que é ?

Pouco se fala, mas muito se vive…

Não é raro os/as pacientes relatarem os sintomas descritos aqui em cima! 👆

Alguns estudos também falam sobre os mesmos sintomas relacionados ao bloqueio hormonal, assim como na menopausa não relacionada ao tratamento.

Curiosamente, quase nunca vejo discussões sobre a causa dessas queixas e, menos ainda, orientações direcionadas para o seu controle. 😩

Precisamos falar sobre isso! 😊

“Chemobrain” ou ainda “Nevoeiro Quimioterápico”

Esse é um tema extremamente importante, pouco discutido, bem conhecido e quase nunca abordado na prática da oncologia. Se a quimioterapia traz danos a várias células do corpo, muitas vezes o nosso sistema nervoso não consegue escapar podendo também ser afetado.

Mas , afinal, do que estamos falando?

Definição: Disfunção cognitiva relacionada à quimioterapia. 

De forma mais simples: é uma perda na função diária, o que se refere à atenção, concentração, memória de curto prazo, esquecimentos, busca por palavras, tarefas múltiplas e organização. Acomete entre 18% e 78% das pacientes com câncer de mama. Os sintomas podem ser autolimitados, mas costumam durar de seis meses a um ano. Existem relatos de duração mais longa em um grupo menor de pacientes.

Causas

SÃO VÁRIAS: 

  • Relacionadas ao tipo de tratamento: tipo de medicação, dose, duração, etc;
  • Susceptibilidade genética: alguns pacientes carregam uma “tendência” a alteração cognitivas;
  • Danos inflamatórios: que a quimioterapia causa ao organismo;
  • Fatores hormonais: sabemos o quanto a quimioterapia pode interferir com o nosso equilíbrio hormonal;

Todos levam á disfunção dos neurônios através de mecanismos comuns, como a lesão oxidativa, diminuição dos telômeros, etc. Ou seja, podem prejudicar nossos neurônios. 

TEM MAIS:

  • Fatores psicológicos: depressão, insônia, ansiedade, etc;
  • Fatores orgânicos: dor, fadiga (cansaço), aterosclerose (placas de gordura nas artérias), anemia, uso de álcool e de medicações variadas;

Sem dúvidas, a sobrecarga emocional pode contribuir, mas como resolver essas questões? 

Atenção ao Processo

É possível, sim, tentarmos intervenções precoces para diminuir os danos  e/ou promover uma recuperação mais rápida. Mas, primeiro, é muito importante uma boa relação médica – paciente e, principalmente, que exista uma parceria entre paciente, família e equipe assistente para que os sintomas não apenas sejam percebidos, como também relatados nas consultas.

É necessário descartar a relação dos sintomas com a doença inicial e também descartar outros doenças que apresentam  sintomas semelhantes, como a ansiedade, a depressão, etc.

Lembrando que é essencial avaliarmos as medicações que estão em uso, bem como  alterações hormonais e deficiência de vitaminas. 

ALGO MAIS A FAZER: 

  • Prática de atividades físicas, meditação , yoga, acupuntura, dieta equilibrada (rica em antioxidantes e vegetais frescos)
  • Ter uma equipe interdisciplinar é essencial – psicólogos são incríveis!
  • Buscar apoio daqueles amigos ou familiares que são acolhedores e empáticos.
  • Estimular que o paciente organize sua agenda diária, anote coisas ao longo do dia, enfim, ajudar o paciente a organizar a própria vida.

É comum o paciente acabar o tratamento e querer voltar imediatamente ao ritmo anterior. Porém, é importante lembrar que tudo deve ocorrer aos poucos. 

Evite se cobrar excessivamente e crie um ambiente acolhedor ao seu redor. 

Esclareça suas dúvidas e medos com o seu médico.

SEMPRE!

Juntos conseguimos caminhar com alegria e calma!

As orientações citadas neste post são baseadas em diretrizes internacionais que usam na prática da oncologia.

Somos um time!