A quimioterapia vermelha é mais “forte” do que a branca?

A quimioterapia vermelha é mais “forte” do que a branca?

A quimioterapia vermelha é mais “forte” do que a branca?
Todas são iguais?
Que a internet (“Dr. Google”) e as conversas com outros pacientes trazem vários novos conceitos para a rotina de quem está em tratamento oncológico, todo mundo sabe. O que nem todo mundo sabe é como podem ser diversificadas as informações que circulam sobre cada uma das medicações.
De vilão a herói, um remédio assume várias faces a cada paciente que entra e sai do meu consultório durante o dia.
Quimioterapia vermelha
Quando precisamos fazer quimioterapia para o câncer de mama, é muito comum o seu uso. Esse apelido é dado às ANTRACICLINAS, que são basicamente duas drogas: epirrubicina e doxorrubicina.
São conhecidas assim por serem, de fato, vermelhas. São substâncias, acreditem se quiser, extraídas de bactérias.
Atuam em diversos tipos de tumores de forma muito eficaz. Na maioria das vezes são utilizadas em combinação com outros medicamentos (formando o que chamamos de esquema de quimioterapia).
Efeitos colaterais
Queda do cabelo, náuseas, fadiga (cansaço), urina vermelha (no dia em que é feita), unha escura, baixa da imunidade (LEUCÓCITOS!) e das plaquetas.
Um efeito menos comum é sua atuação no coração.
Por isso, existe uma dose máxima a ser respeitada (monitorada pelos oncologistas) e a solicitação do ecocardiograma ao início do tratamento.
Quimioterapia branca
Apesar de ser transparente, é chamada popularmente de “branca”. Pertence ao grupo dos TAXANOS e é basicamente paclitaxel e taxotere. Assim como a “vermelha”, leva à queda de cabelo (um pouco menos), náuseas e baixa da imunidade. Ao longo de seu uso, pode levar a “dormências” nas mãos e pés, além de dores no corpo.
O paclitaxel normalmente é usado de forma semanal, e dessa forma costuma ter menos toxicidades. Ambos têm a mesma eficácia e a escolha por um ou outro é individualizada.
Mas qual é mais forte?
Quando me perguntam isso, faço outra pergunta:
“O que é mais forte para você: ter mais efeitos colaterais? Ser mais eficaz?”
Qual é realmente a dúvida que existe por trás dessa pergunta?
A seguir, algumas considerações.
Como escolhemos qual esquema usar?
Sempre que usamos QUALQUER tratamento para QUALQUER doença, estamos seguindo diretrizes já estabelecidas. Para que um remédio seja usado, ele passa por pesquisas em inúmeras etapas e com milhares de pacientes.
Quando dizemos que vamos usar a “quimioterapia vermelha” seguida da “branca”. imaginem sempre que VARIAS outras drogas foram testadas em doses e ordens diferentes.
Tantas pesquisas servem para definir o melhor tratamento para cada perfil de paciente e também para conhecer todos os efeitos colaterais existentes.
O que é importante?
Precisamos entender que cada paciente é único. Não só em nossa escolha de medicações. mas também nos efeitos colaterais. Sempre orientamos quanto às toxicidades mais frequentes, mas eventualmente elas vêm de forma mais forte ou nem aparecem.
Costumo dizer que só saberemos a maneira. como cada um reagirá após o primeiro ciclo. E mesmo assim, ainda vemos diferenças a cada aplicação.
Costumo até fazer uma comparação com a gravidez.
Cada mulher sente de um jeito e até mesmo a mesma mulher pode ter gestações completamente diferentes.
Resumo
Como vimos, são drogas diferentes, com efeitos colaterais diferentes e usos variados.
Ambas são eficazes.
Evitem se comparar com outros pacientes e principalmente com o que a internet sugere.
Somos seres únicos.
Merecemos ser olhados em nossa individualidade.