Nos últimos dias veio a tona um assunto pouco falado, mas muito presente na oncologia. Na novela das 8 da Globo, a personagem Adriana recebeu o diagnóstico de câncer de rim. Imediatamente comecei a receber pedidos para falar do tema, e achei muito interessante a possibilidade de abordar algo que é tão pouco divulgado e menos ainda conhecido em nossa população. Vamos lá:
O câncer de rim é uma doença relativamente rara, se comparado a outros tipos de câncer muito mais comuns, como o câncer de mama ou o câncer de próstata. No entanto, são esperados mais de 6 mil casos todos os anos no Brasil.
Os rins são os órgãos responsáveis pelo equilíbrio de água e sais do corpo, além de exercer uma função importante na eliminação de substâncias metabolizadas pelo organismo. Existem vários tipos de câncer de rim, mas o mais comum deles é uma consequência da transformação das células dos túbulos que formam os néfrons, que passam a se proliferarem de forma anormal e ganham a capacidade de invadir o órgão e até, em alguns casos, circular pelo corpo e produzir tumores em outras partes do corpo (chamado de metástase).
Quais são os fatores de risco?
O uso de cigarro, a hipertensão arterial e a obesidade têm sido relacionados ao câncer de rim. Além disso, pacientes com insuficiência renal crônica em uso de hemodiálise estão sob um maior risco de desenvolver câncer de rim. Algumas síndromes genéticas raras também aumentam o risco de desenvolver câncer de rim.
Quais são os sinais e sintomas?
O subtipo mais comum de câncer de rim é o carcinoma de células claras. Não existe, até o momento, um exame capaz de detectar o câncer de rim quando ele não causa sintomas. Na maior parte das vezes o tumor é descoberto quando causa dor nas costas, ou sangramento na urina(lembrar que a causa mais comum de sangue na urina é infecção urinária!), por vezes pode até ser palpável pela barriga. Na minoria das vezes ele é encontrado por conta de um exame de imagem feito por algum outro motivo, como uma ultrassonografia ou tomografia do abdome.
Como ele é um órgão que se localiza mais profundamente na barriga, sintomas mais intensos e possiblidade de palpação do câncer só ocorrem quando a doença está mais avançada. Muitos casos são descobertos já com metástases e os sintomas podem ser decorrentes mais da metástase do que do próprio tumor no rim.
Como prevenir este tipo de câncer?
A melhor forma de prevenir a doença é manter hábitos de vida saudável. Deve-se controlar a hipertensão arterial e o peso. Para aqueles que fazem hemodiálise ou que sofrem com síndromes genéticas que predispõem ao câncer de rim, é importante ter o acompanhamento regular com o médico para um diagnóstico mais precoce do câncer através de exames de imagem.
Como é o tratamento?
O tratamento depende do tamanho da doença e se há metástase ou não. Quando a doença está restrita ao rim, o tratamento é feito com a cirurgia de retirada radical do rim. Este procedimento pode ser feito tanto de maneira convencional, abrindo o abdome e retirando o tumor, quanto por videolaparoscopia, quando é feito por pequenos furos com a colocação de pinças e câmeras guiadas pelo cirurgião. Ambos os métodos têm igual chance de cura se feitos por cirurgiões experientes.
Entretanto, quando a doença já se apresenta mais avançada, o tratamento deve ser com medicações que bloqueiem os processos biológicos fundamentais para a proliferação e sobrevivência das células do câncer, inibindo o avanço da doença. Mesmo assim a maior parte dos médicos recomenda a cirurgia de retirada do rim antes do início do tratamento com medicamentos. Ao contrário do acontece com outros tipos de câncer, existem estudos que mostram que os medicamentos funcionam melhor quando o tumor do rim é retirado. Além disso, com a retirada do tumor do rim, há um melhor controle da dor e do sangramento urinário.
O tumor de rim é considerado muito resistente ao tratamento com quimioterapia. Efetivamente, estes medicamentos não funcionam muito bem. No entanto, foi descoberto que o tumor de rim cresce estimulado por alguns fatores de crescimento, com os fatores de crescimento derivados dos vasos sanguíneos que ficam circulando no sangue. Logo, impedir que o câncer de rim perceba esses fatores de crescimento circulantes se tornou a principal estratégia de tratamento. Hoje o tratamento do câncer de rim se inicia com este grupo de medicamentos, que são comprimidos administrados em casa mesmo. Mas é importante notar que é preciso ficar próximo ao seu médico durante o tratamento porque estes medicamentos também podem ter efeitos colaterais importantes, como a quimioterapia tem em algumas pessoas.
É importante lembrar a importância de se ir rotineiramente ao médico, para exames de rotina. Informar sempre que algum sintoma persiste por um tempo prolongado e principalmente quando piora a cada dia. Assim, conseguimos um diagnóstico precoce e consequentemente, a cura.
Sobre a forma com que o tema está sendo abordado na novela, e toda a reação da personagem ao receber o diagnóstico: Há dias atrás criei um eBook grátis que pode ser baixado AQUI. O título é: Estou com câncer, e agora?”. Nele eu falo sobre o medo, e as principais perguntas que nos visitam nesse momento. Vale a pena ver!
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