Minha filha também vai ter câncer de mama?

“Minha filha também vai ter câncer de mama?”
Ou ainda:
“Não tenho história de câncer na família, não preciso me preocupar”
Perguntas frequentes em minha rotina.
📌 Para a surpresa da maioria dos pacientes:
Apenas 5-12% dos tumores têm relação com nossa genética (passado de pais para filhos).
Aí sim, nesse grupo que possui alteração genética no DNA:
O risco de ter câncer de mama chega a mais de 80%!
Mas como saber se tenho alteração genética?
Talvez, a pergunta ideal a ser feita é:
Eu preciso fazer essa investigação genética?
👉 Primeiro é importante explicar que essa avaliação é feita através de uma coleta de sangue. No câncer de mama os exames mais pedidos são o BRCA1 e BRCA2.
Também vale lembrar, que o melhor profissional a dizer se há indicação desses testes, é o GENETICISTA. Então, em geral, encaminhamos o/a paciente a ele seguindo alguns critérios.
📌 De uma forma resumida, as situações em que está recomendado o teste da história familiar são as seguintes:
· Homens com câncer de mama;
· Mulheres com câncer de mama triplo negativo;
· Mulheres de origem Judaica Ashkenazi;
· Mulheres diagnosticadas com 45 anos ou menos;
· Mulheres diagnosticadas entre os 46-50 anos que tenham múltiplos tumores primários da mama ou história familiar de múltiplos cânceres, principalmente de mama ou ovário;
· etc
📌 E depois que recebemos os resultados?
Caso os testes venham positivos, os parentes poderão/deverão ser rastreados e orientados de acordo com os resultados.
Aqueles que possuírem mutações genéticas, pelo risco maior em terem cânceres principalmente ovário e mama, receberão indicação de remoção desses órgãos (dependendo da idade e outros fatores) ou a orientação específica para acompanhamento.
Lembram da cirurgia da Angelina Jolie? Ela tinha uma história familiar rica em câncer de mama, realizou os testes genéticos e assim, teve uma mutação detectada.
Cada paciente tem sua história e as indicações sempre serão feitas de forma individualizada.
📌 Mas se não é a história familiar o maior culpado pelo câncer de mama, então quem é?
O câncer de mama possui fatores de risco não modificáveis e modificáveis.
Os não modificáveis incluem o gênero (sexo feminino tem risco muito maior!), a idade, a densidade da mama (avaliada pelos exames de imagem), histórico familiar e pessoal.
Já os fatores modificáveis (são relacionados ao estilo de vida) são: consumo de álcool, obesidade na pós-menopausa, sedentarismo, tabagismo, etc ⚠️⚠️⚠️
Em geral, o câncer acontece por um somatório desses fatores. E não apenas por um deles, isoladamente.
📌 A boa notícia é que a doença pode ser prevenida!
Muitas das medidas preventivas são simples de serem adotadas e podem trazer benefícios amplos para a saúde, já que uma parcela dos casos pode ser evitada com a adoção de um estilo de vida saudável.
Mais uma vez vemos a importância dos hábitos de vida. Eles podem diminuir o risco da doença em até 30% dos casos(!). 30% já é bastante coisa em se falando de evitar um câncer!
Sempre que tiver dúvidas, esclareça com seus médicos. Não guarde angústias que podem ser esclarecidas em apenas uma conversa.
📌 Algumas coisas CERTAMENTE passam de pais para filhos:
1- Nosso EXEMPLO! Mais do que palavras que orientem sobre o que é certo e errado, AGIR de forma correta estimula nossos filhos a agirem da mesma maneira.
Num país onde a MAIOR parte da população é sedentária e tem uma alimentação ruim, quanto antes mostrarmos que sabemos a importância de hábitos saudáveis, mais estaremos os engajando nesse contexto.
Dessa forma, estaremos prevenindo não só câncer, como diversas outras doenças.
Aliás, como vocês leram no post acima, “apenas” 10% dos cânceres são hereditários (passam de pais para filhos), no entanto, uma dieta equilibrada e atividade física são capazes de preveni-los em até 30%.
Inclusive, algumas pesquisas mostram que mesmo quem tem alterações genéticas comprovadas pode se beneficiar- e muito – com uma vida mais saudável.
Se não quiserem fazer por vocês, façam por eles!
2- Nosso AMOR! Parece óbvio, e é! Mas essa reflexão eu trago até para mim. Falo tanto de autocuidado mas, da mesma forma que temos que nos policiar para criar momentos de pausas e reflexões pessoais, o mesmo devemos fazer por nossos filhos e família.
Que consigamos sempre, apesar da correria diária, reservar momentos para acolher, escutar e estar amorosamente disponíveis para quem amamos e queremos bem.
Abraçar é dar conforto. Falar que amamos é dar segurança também. Para que assim cresçam com autoestima e confiança. A palavra câncer sempre chega carregada com muitos estigmas. Um deles é o medo frequente de nossos filhos, um dia, terem o diagnóstico também. Que consigamos sempre ser realistas diante dos dados e entender o nosso papel em prevenir, não só doenças, mas alguns obstáculos na caminhada deles.