Por que falamos tanto da imunidade?

Por que falamos tanto da imunidade?

Imunidade não tem a ver com plaquetas.

Acho que esse é o primeiro ponto de nossa conversa.

Conseguimos ver nossa imunidade no exame de sangue chamado HEMOGRAMA.

Ele é dividido em três partes (podem pegar seus exames e conferir):

  • Células vermelhas: hematócrito, hemácias e hemoglobina;
  • Células brancas: leucócitos e suas subdivisões
  • Plaquetas: elas têm a ver com a coagulação do sangue!

Mas o que a imunidade tem a ver com a quimioterapia?

Vocês lembram o que sempre fala aqui? As células do câncer se multiplicam rapidamente, e a quimioterapia age “matando” as células que se multiplicam mais rápido no corpo, sejam elas as células do câncer ou também células saudáveis.

Entre elas, podemos encontrar as células do cabelo (por isso algumas levam perda de cabelo), células da mucosa gastrointestinal (por isso as náuseas, diarreia ou prisão de ventre), células do sangue (por isso anemia e cansaço, imunidade baixa ou plaquetas baixas), etc.

Neutrófilos?

Voltando ao nosso hemograma, podemos ver que os leucócitos são subdivididos em basófilos, eosinófilos, promielócitos e uma sequência de nomes esquisitos e diferentes.

Os leucócitos mais abundantes no nosso sangue são os NEUTRÓFILOS (40-80%). São células altamente especializadas em proteger nosso organismo. São nossos soldados de defesa!

Em nosso exame de sangue são particularmente avaliados através do nome SEGMENTADOS.

Tem alguma forma mais fácil de explicar isso?

Tem sim.

Voltando ao nosso hemograma, podemos ver que os leucócitos são subdivididos em basófilos, eosinófilos, promielócitos e uma sequência de nomes esquisitos e diferentes.

Se fizermos a quimioterapia sem as células da imunidade atingirem um valor razoável, poderemos causar um dano grave ao paciente! Já que elas irão diminuir MAIS ainda!

Por isso pedimos exame a cada ciclo para checar esses números.

Existe algum sinal de alerta?

Ao contrário do que muita gente acredita, não é a fadiga (cansaço) que indica que a imunidade está baixa. A fadiga aparece por DIVERSOS motivos (queda das células vermelhas, perda da massa muscular etc.)

Um dos sinais de alerta para imunidade baixa é a febre (temperatura maior ou igual a 37,8 graus) a NEUTROPENIA FEBRIL. Caso ela apareça, vale a pena contatar oncologista ou ir ao hospital.

A partir daí, faremos um novo exame de sangue, examinaremos o paciente, pesquisaremos outros sintomas e definiremos se é necessário prescrever antibióticos, pois com a imunidade baixa, ficamos mais expostos a “pegar” infecções.

Não há nada para subir imunidade?

Muita calma nessa hora!

Cuidado, porque é MUITO comum ver na INTERNET centenas de “receitas” para a imunidade não cair. Peço uma cautela enorme nessa hora porque vários “chás”, misturas e alimentos usados nesse sentido ao invés de ajudarem podem interagir com nossos remédios ou até piorar alguns dos sintomas do tratamento.

Temos, sim, um grupo de remédios para auxiliar a imunidade (filgrastim ou pegfilgrastim).

Mas é oncologista que indica seu uso, de forma individualizada.

Mas não há nada que eu possa fazer?

Sempre há algo a fazer.

A qualidade de vida durante o tratamento oncológico tem muito a ver com a forma com que realizamos nosso AUTOCUIDADO.

Atividade física, sempre que possível, ajuda a combater o cansaço. Da mesma forma, dieta equilibrada, sono de qualidade, apoio familiar (ou de amigos, ou até presença de animais de estimação) e mental (espiritualidade, psicólogo, meditação, arte terapia, etc), são fundamentais para um tratamento mais “tolerável”.

Somos um time!

Lembrem sempre que é importante procurar ajuda. Um bom relacionamento com os profissionais que cuidam de nós é fundamental.

Muitas vezes achamos que tudo faz parte do tratamento sem imaginar que é possível diminuir parte dos sintomas. Compartilhe todos os seus sintomas com a sua equipe!

Tenho várias posts sobre hábitos de vida (alimentação, exercícios, etc) e Medicina Integrativa (aromaterapia, espiritualidade) nos DESTAQUES no Instagram.