Não foi só você.
Que chegou na consulta já sabendo o nome dos tratamentos e esperando todos os 395060 efeitos colaterais possíveis;
“Mas doutora, a médica da minha vizinha pediu esse exame para ela, você não vai pedir para mim?”
“Ouvi dizer que quem usa esse remédio, prefere morrer!”
“Li na internet que esse tumor que eu tenho tem que usar ESSE remédio”. Todos os dias, ouço essas frases INÚMERAS vezes. Se você já falou alguma delas, fique tranquila: você não está sozinho/a!
Existem vários pontos a se discutir quando converso sobre isso. Alguns deles são:
OS TUMORES NÃO SÃO IGUAIS.
Mesmo um tumor de um determinado lugar, quando comparado o de outra pessoa, eles são diferentes. Citando a mama, por exemplo, para caracterizar esse tumor e definir seu tratamento, levamos em conta vários itens, a saber: tamanho do tumor, se a axila foi acometida, grau, subtipo, receptor de estrogênio, receptor de progesterona, idade da paciente, menopausa, etc. É impossível alguém ter TODOS esses itens iguais. Depois de todos esses dados, ainda pedimos exames de imagem e sangue (diferentes de acordo com os itens acima), e só então conseguimos definir quais as medicações serão usadas.
OS PACIENTES NÃO SÃO IGUAIS.
Fazendo uma comparação um pouco exagerada…você já percebeu que cada pessoa prefere fazer um tipo de dieta? Tem gente que diz que passa mal fazendo jejum, outros dizem que se comer de três em três horas se sente empanzinado. É assim, para tudo! Nosso corpo (e mente) lida de forma diferente do que o de outra pessoa! Mais ainda, quando optamos por um tratamento, precisamos levar em conta, a idade do paciente, os remédios que já toma, hábitos de vida, e principalmente, conversar com ele sobre suas expectativas e medos!
“OUVI DIZER” e “LI NA INTERNET” são frases que me causam arrepios! Não podemos nos comparar por diversos motivos. Além disso, sabemos que cerca de 69% das informações sobre câncer existentes na internet são FALSAS ou não condizem com o nosso quadro clínico. Mas óbvio que a maioria dos pacientes irão nela para tirar dúvidas que seus médicos as vezes não tiram. Então sempre certifiquem suas fontes, vejam se são paginas confiáveis e depois, SEMPRE conversem com seus médicos! A internet é fundamental, por isso trabalho tantos nas mídias, mas temos que ter muita CAUTELA!
Receber e acolher pacientes assim, faz parte da minha rotina.
E é muito importante entender que cada pessoa reage de forma diferente e tem indicações diferentes de abordagem de acordo com seu diagnóstico.
Comparar traz muita ansiedade.
Acho muito importante o paciente se informar, principalmente para se sentir seguro no tratamento. Mas sempre com fontes confiáveis e com embasamento científico.
Qualquer dúvida, estou sempre aqui.