Por incrível que pareça, na maioria das vezes que essa pergunta é feita para (ou por) um(a)
paciente, a resposta correta é completamente diferente do que se imagina.
É muito comum associarem a palavra “GRAU” à agressividade do tumor.
Ou ainda, ao ESTÁGIO (falaremos dele mais pra frente).
Em outras palavras, GRAU não se diz se a doença está avançada, nem sobre a chance de cura e menos ainda, se existe metástase (quando a doença “vai” para outro órgão).
Mas afinal, o que significa GRAU?
Sempre que é feita uma biópsia (retirado um “pedaço”) do tumor ou quando ele é retirado completamente (cirurgia), ele vai para o laboratório de patologia.
Lá, o médico chamado patologista vai cortar esse tumor em cortes muito finos (pedaços milimétricos)
Ele pinta esses cortes com tintas específicas e olha no microscópio. No microscópio, o médico patologista avalia se esse tumor se parece com as células normais da área de onde foi retirado (células normais da mama, por exemplo)
Se o tumor for parecido com as células do tecido normal, ele vai dizer que é um tumor de crescimento lento, ou seja, de BAIXO GRAU (GRAU 1)
Se for MUITO diferente da célula normal, é um tumor de crescimento rápido, GRAU 3.
“Mas Dra Sabrina, por que o grau do meu tumor foi diferente na biópsia e na cirurgia?”
Dificilmente o GRAU muda nesse período entre essas duas avaliações.
Como a biópsia representa uma PARTE do tumor, nem sempre ela representa o GRAU mais prevalente em todo o tumor.
Quando se avalia o tumor inteiro (na cirurgia), apesar de não ser tão comum, pode haver uma variação nessa classificação.
GRAU 1- (Bem diferenciado) Similar ao tecido normal, porém há mais células que estão um pouco diferentes do normal, dividindo-se pouco.
GRAU 2- (Moderadamente diferenciado) Há mais células do que no grau 1, que também estão ainda mais diferentes.
GRAU 3 – (Pouco diferenciado) Alta quantidade de células que estão muito diferentes do normal, dividindo-se frequentemente.
“Mas se o grau avalia se o tumor cresce rápido, não é suficiente para dizer a minha chance de cura e se eu tenho metástase?”
NÃO! É importante repetir que nenhum dado, isoladamente, pode classificar um tumor.
Para eu avaliar um tumor de mama, por exemplo, preciso saber (pelo menos) seu tamanho, se há comprometimento da axila, o grau, o ki67 (farei um post sobre ele), o receptor de estrogênio, o receptor de progesterona, o HER 2 (já temos post sobre ele), a idade da paciente, se está na menopausa, seu histórico e ver seus exames de imagem. Esses dados nos possibilitam dar a classificação e o estadiamento (ESTÁGIO) do câncer.
Só assim podemos falar sobre percentual de cura, metástase, se está avançado ou não, entre várias outras coisas, que nos são perguntadas todos os dias.
Sim, é coisa para caramba! Entender errado os fatores pode trazer confusão e sofrimento. Por isso estou aqui para compartilhar essas informações.