Vejo muitos pacientes esperando a data de nossas consultas, com dores que poderiam ser resolvidas rapidamente.
DOR é um sintoma que traz MUITA ansiedade e medo. E como já conversamos aqui, esses sintomas muitas vezes seguem de mãos dadas com nossas pacientes.
Então…precisamos FALAR SOBRE ISSO!
Vou começar aqui com a mais famosa: A DOR NA MAMA
Se essas dores já são comuns ANTES (por DIVERSOS motivos) do câncer, imaginem depois! Sua incidência após o tratamento é MUITO alta, por causas variadas e que se somam: sequela da cirurgia, radioterapia, uso de próteses e expansores, variação hormonal, etc. Tenho posts no Insta onde mergulho nessa questão. Mas quero tranquilizar vocês: a dor na mama após o câncer é comum, mas é claro que devemos estar alertas caso haja alguma mudança em seu padrão. Acontecendo, procure seu Mastologista.
“DOR NO CORPO TODO”
Essa frase merece uma reflexão: onde é realmente a sua dor? Autoconhecimento é NECESSÁRIO. Seguem opções:
PEQUENAS ARTICULAÇÕES (mãos, pés, punhos, etc) – É MUITO relacionada aos inibidores da aromatase (letrozol/anastrozol…), que são bastante usados no tratamento. E pelos 3940 posts que já fiz, vocês sabem que existe alívio: desde atividade física, acupuntura e perda de peso, até medicações ou a troca da droga, em último caso. Se não for um efeito colateral do anastrozol/letrozol (e sim questões não relacionadas ao câncer), consultem um Reumatologista. Quanto antes iniciarmos o tratamento de artrites e afins, melhor o prognóstico.
GRANDES ARTICULAÇÕES – seja artrose (comum em até 10% das mulheres acima dos 60 anos), condromalácia ou lesões de menisco nos joelhos ou ainda tendinite, bursite, rupturas nos ombros…entre várias outras doenças, são muito frequentes. Claro que nós oncologistas, podemos e devemos, saber que nossos pacientes apresentam esses sintomas. Mas quem melhor os examina, diagnostica e trata é o Ortopedista.
E entendam…na maioria das vezes o tratamento inclui não só medicações, como também fisioterapia, até perda de peso e exercícios. Ah! E muita paciência!
DOR NAS COSTAS – hérnias, artroses (o famoso “bico de papagaio”), lesões musculares, fibromialgia, etc. São doenças que aumentam a incidência de acordo com a idade, aumento de peso e hábitos de vida ruins, entre outros fatores. O tratamento também costuma ser contínuo e com várias abordagens. Clínicos e ortopedistas podem fazer uma avaliação inicial, mas o tratamento pode envolver o neurocirurgião, o fisioterapeuta, mudança de hábitos… E paciência…São tratamentos longos para doenças que provavelmente se instalaram lentamente por anos.
DOR DE CABEÇA – enxaqueca, pressão alta, distúrbios do sono, baixa ingestão de água, problemas musculares, oculares, tensão, sinusite, ufa…são muitas causas e uma incidência que chega a 30% na população geral.
Afinal…quem nunca? E sim…é normal o medo nos visitar. Acionar o oncologista é importante, provavelmente ele vai fazer algumas perguntas e dar orientações (assim como tudo que falei até aqui). Mas se o contato com ele for difícil, vale observar seu sono, ansiedade, hidratação e outros sintomas associados ou procurar outro atendimento médico. Aliás, checar a pressão é sempre válido! Doenças cardiovasculares são as mais comuns em nossa população!
DOR DE ESTÔMAGO (QUEIMAÇÃO), DOR DE BARRIGA (DIARRÉIA?), DIFICULDADE DE ENGOLIR, DOR AO EVACUAR (FISSURA? HEMORRÓIDA?) São sintomas com origens MUITO variadas e acho muito interessante considerarem a ida ao Gastroenterologista. Ele fará o exame físico e investigação das causas, com exames. Em geral, são áreas que não estão relacionadas à metástase do câncer de mama.
DORES GINECOLÓGICAS- dentro da oncologia, a maioria delas têm relação aos sintomas da menopausa induzidos pelo tratamento. E sempre, sempre, sempre, o Ginecologista vai nos auxiliar, inclusive se as queixas não forem relacionadas ao câncer.
“DOR DA ALMA” – de todas, acho que é a mais frequente. Ela pode ser representada pelo medo da recidiva (doença “voltar”), dificuldade do retorno às atividades habituais, queda da autoestima, sensação de solidão, depressão, ansiedade, tristeza. E sim, tem tratamento. E como a maioria das dores já citadas, o tratamento é looooooongo e demanda, muitas vezes, várias abordagens. Desde o psicólogo, à mudanças de hábitos de vida, medicações, etc. Mas vale a pena. A gente vale a pena. Merecemos ser felizes.
De forma alguma, estou sugerindo que o oncologista não seja acionado. Mas sim…que tenhamos calma e atenção ao nosso corpo. Ele nos diz muito.
Impossível falar de todas as dores. Parte dos sintomas descritos já foram posts por aqui e procurando os DESTAQUES relacionados ao CÂNCER DE MAMA no Instagram (@drasabrinachagas), você encontra.
A incidência das metástases em câncer de mama varia de pessoa a pessoa, depende do seu subtipo e o estágio em que foi descoberto. Vale esclarecer esses dados com o seu oncologista. O medo, volta e meia, visita a nossa paz.
Não deixem de procurar outros especialistas, caso não consigam contactar seus médicos ou a consulta seja distante. Outros diagnósticos podem surgir e condutas adotadas.
Além disso, no caso da recidiva da doença, outros médicos, a partir de exames de imagem ou laboratoriais, podem auxiliar nesse diagnóstico também. Somos um time!
Não esperem, se cuidem. Sempre.
Lembrou de alguém?
Compartilhe esse post. E salva…afinal, dor é um sintoma MUITO COMUM!