San Antonio Breast Cancer Symposium 2018 nos EUA, recebeu mais de 10 mil pessoas. Todas em busca de atualizações no combate ao câncer de mama.
É difícil resumir tudo que foi falado, mas vou tentar colocar o que foi mais relevante.
A mensagem mais importante foi reforçar que cada vez mais o tratamento deve ser individualizado. Vamos lá:
🔸Começar a quimioterapia após os 30 dias da cirurgia em pacientes triplo negativo pioram o prognóstico desses pacientes;
🔸Continuar a fazer quimioterapia por mais 6 meses além da quimioterapia tradicional (com uma droga chamada capecitabina), em pacientes triplo negativo, com tumores iniciais, não trouxe benefício;
🔸O Herceptin (trastuzumab) deve ser usado por 12 meses e não por 6, após a cirurgia.
🔸Tumores que desaparecem na cirurgia após a quimioterapia neoadjuvante têm um prognóstico muito melhor e não precisam de mais quimioterapia;
🔸A imunoterapia está chegando com força para os triplo negativos, mas apenas para quem tem a expressão do PDL-1 nas células imunes (cerca de 40% dos pacientes). Lembrando que a droga em discussão ainda não está disponível.
🔸Uma droga chamada TDM-1 mostrou muita eficácia nas pacientes her2+ em que o tumor não desapareceu na cirurgia após a quimioterapia;
🔸Mudanças de hábitos de vida devem ser estimuladas porque diminuem o risco de recidiva. Aliás isso, não é novidade para vocês, não é verdade?
🔸Um estudo bem interessante foi o que avaliou o tamoxifeno em dose menor do que a tradicional para prevenção da recidiva em pacientes que tiveram carcinoma ductal in site e similares (Não são os infiltrantes!). E esse estudo confirmou a diminuição do risco e com uma diminuição importante da toxicidade.
🔸Ouso de anastrozol além dos 5 anos já utilizados para pacientes que tiveram tumores iniciais. Quem é minha paciente sabe, já venho falando dessa possibilidade há tempos. O resultado foi uma diminuição de recidivas, mas não de sobrevida global. Então talvez seja um prática mais interessante para as pacientes de maior risco de recidiva .
🔸Destaque também para uma droga nova, chamada Alpelisibe. Essa droga deve ser utilizada nas pacientes com mutação de PIK3 junto com o fulvestranto em pacientes metastáticas hormônio positivos. Houve um benefício importante em seu uso. Mas a medicação ainda não está disponível e falta definir se apresenta uma resposta superior ao uso de drogas como o palbociclibe, abemaciclibe etc.
🔸Para fechar com chave de ouro, duas apresentações de encher nosso coração de alegria! Uma reforçando a importância da atividade física (e de se manter no peso ideal) durante e após o tratamento. E outro mostrando a importância de uma mudança de hábitos de vida, incluindo exercício e dieta. Estudos grandes, que comprovam o que sempre falo. Mas minha alegria é por eles estarem na principal sala de um evento como esse. O estudo também mostrou como é baixa a aderência das pacientes. E esse é o nosso dia-a-dia no consultório. Nossa população culturalmente não tem uma rotina saudável.
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