O ideal sempre sempre sempre será o caminho do meio. A coerência e o equilíbrio. No câncer e na vida.
Segue aqui um post grande, mas que resume muito do que tanto falamos sobre estudos, mitos e…desodorante.
📌 O QUE TEMOS NO DIA-A-DIA:
Além das conversas com minhas pacientes queridas no consultório e dos eventos do @nossopaporosa, participo de algumas consultorias e grupos de pacientes.
Não há um dia sequer, onde temas como uso de desodorante, açúcar, hemoterapia, graviola, consumo de cogumelos, etc não apareçam (tenho post sobre quase todos nos DESTAQUES “MAMA”, na capa do meu Instagram).
Acho que mais importante do que respondermos de cara que tratam-se de mitos dentro da oncologia (lembrem-se: estamos falando da relação deles com câncer), temos que entender de onde surgiram e o porquê dessas polêmicas.
📌VAMOS ÀS PESQUISAS:
Vocês lembram o que sempre falo sobre os estudos necessários para afirmar que um medicamento é eficaz sem prejudicar nosso organismo?
Seguimos a mesma linha aqui. Estudos fase I, são onde usamos as substâncias pela primeira vez nos seres humanos. Nessa etapa, testamos doses diferentes e parâmetros para definir sua segurança.
Na fase II, um grupo maior de indivíduos participa e avaliamos sua eficácia em humanos. Já na fase III, temos um grande número de participantes, com trabalhos em vários formatos, para comparar seu uso com outras drogas, e em diferentes etapas da doença.
(Falando de forma bem simplificada tá, pessoal?)
📌MAS E O DESODORANTE?
Calma, já chegamos nele!
Além dessas fases todas de pesquisas, ainda temos diferentes desenhos de estudo.
Quanto maior o número de participantes, mais confiável. Da mesma forma, temos outras variáveis que interferem muito!
📌MAS E O DESODORANTE?
Dito isso tudo, quais dados que temos sobre o desodorante e o câncer?
Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia, na literatura médica, existem estudos em cultura de células de camundongos e in vitro que mostraram que o alumínio presente na maioria dos desodorantes foi absorvido pela pele e causou alterações nas glândulas mamárias.
Ou seja: estudos ainda em animais! Estudos pequenos. Nada foi comprovado em seres humanos, nem em grupos grandes, menos ainda em trabalhos desenhados diretamente para tal.
Então, até o momento, nenhum estudo epidemiológico realizado em seres humanos estabeleceu a mesma relação. Ou seja, não há fundamentação científica para associar os desodorantes ao câncer de mama.
📌MAS ATENÇÃO:
Estamos falando de questões oncológicas. Devemos estar atentos às recomendações médicas que os contra-indicam por causa de alergias e outras doenças dermatológicas.
Isso se deve, porque os sais de alumínio bloqueiam a saída do suor nas glândulas que o produzem. Com menos suor, as bactérias que ali vivem, não conseguem produzir o tão famoso mau-cheiro.
Assim, qualquer dúvida, consultem seus dermatologistas!
📌MAS COM ESTUDOS PEQUENOS MOSTRANDO PERIGO, QUEM DISSE QUE NAS CÉLULAS HUMANAS NÃO PODE SER PERIGOSO?
Entendo a preocupação. Mas devemos lembrar, que no nosso organismo existem muitas células envolvidas em nossa proteção.
Tivemos alguns estudos que compararam grupos de mulheres que usaram com mulheres que não usaram desodorantes com alumínio.
Neles, também veio o questionamento de todos os outros fatores que podem confundir essa avaliação.
Quais são eles?
📌É AQUI QUE QUERO CHEGAR
Vejo muita gente com medo de usar desodorantes, mas com hábitos de vida ruins. Isso não entra na minha cabeça, pessoal!
Nossa alimentação e a prática de atividades físicas já são elementos mais que COMPROVADOS tanto para evitar o câncer, como para diminuir a chance de recidiva e progressão. Porque as pessoas preferem se apoiar num item que não tem dados científicos de relevância (desodorante) e seguem fazendo tantas coisas ruins para a própria saúde?
Por fim, é muito normal o medo de que alguma coisa externa interfira na nossa saúde. Na falta de estudos de peso, há quem opte por não usar desodorantes com sais de alumínio. Mas, temos que ser coerentes e tentar levar uma vida saudável como um todo!
📜Referências
🔸cancer.gov;
🔸Darbre PD et al. Aluminium, antiperspirantes and breast cancer. Journal of Inorganic Biochemistry (2005); 99(9): 1912-1919
🔸EBioMedicine. 2017 Aug; 22: 22-23
