Minha filha também vai ter câncer de mama?
Ou ainda: “não tenho história de câncer na família, preciso me preocupar?”
Perguntas frequentes em minha rotina.
Para a surpresa da maioria dos pacientes: apenas 5 – 12% dos tumores têm relação com nossa genética (passado de pais para filhos).
Aí sim, nesse grupo que possui alteração genética do DNA: o risco de ter câncer de mama chega mais de 80%!
Mas como saber se tenho alteração genética?
Talvez, a pergunta ideal a ser feita é: eu preciso fazer essa investigação genética?
Primeiro é importante explicar que essa avaliação é feita através de uma coleta de sangue. No câncer de mama, os exames mais pedidos são BRCA1 e BRCA2.
Também vale lembrar que o profissional a dizer se há indicação desses testes é o GENETICISTA. Então, em geral, encaminhamos o/a paciente a ele seguindo alguns critérios.
De uma forma resumida, as situações em que está recomendado o teste da história familiar são, por exemplo:
- Homem com câncer de mama;
- Mulheres com câncer de mama triplo negativo;
- Mulheres de origem judaica Ashkenazi;
- Mulheres diagnosticadas com 45 anos ou menos;
- Mulheres diagnosticadas entre os 46 – 50 anos que tenham múltiplos tumores primários da mama ou história familiar de múltiplos cânceres, principalmente de mama ou ovário
E depois que recebemos os resultados?
Caso os testes venham positivos, os parentes podem/devem ser rastreados e orientados de acordo com os resultados.
Aqueles que possuírem mutações genéticas, pelo risco maior em terem cânceres principalmente de ovário e mama, vão receber indicação de remoção desses órgãos (dependendo da idade e outros fatores) ou a orientação específica para acompanhamento.
Lembram da cirurgia da Angelina Jolie? Ela tinha uma história familiar rica em câncer de mama, realizou os testes genéticos, e assim teve uma mutação detectada.
Cada paciente tem sua história e as indicações sempre serão feitas de forma individualizada.
Mas se não é o histórico familiar o maior culpado pelo câncer de mama, então quem é?
O câncer de mama possui fatores de risco não modificáveis e modificáveis.
Os não modificáveis incluem o gênero (sexo feminino tem risco muito maior!), a idade, a densidade da mama (avaliada pelos exames de imagem), histórico familiar e pessoal.
Já os fatores modificáveis (são relacionados ao estilo de vida) são: consumo de álcool, obesidade na pós-menopausa, sedentarismo, tabagismo etc.
Em geral, o câncer acontece por uma somatória desses fatores, e não apenas por um deles isoladamente.
A boa notícia é que a doença pode ser prevenida!
Muitas das medidas preventivas são simples de serem adotadas e podem trazer benefícios amplos para a saúde, já que uma parcela dos casos pode ser evitada com a adoção de um estilo de vida saudável.
Mais uma vez vemos a importância dos hábitos de vida. Eles podem diminuir o risco da doença em até 30% dos casos (!). 30% já é bastante coisa quando se trata de evitar um câncer!
Sempre que tiver dúvidas, esclareça com seus médicos. Não guarde angústias que podem ser esclarecidas em apenas uma conversa.