Terapia Alvo x Imunoterapia: Quem Pode Fazer?

Um post para responder uma das perguntas que recebi na minha enquete dos STORIES essa semana. Siiiiim, eu realmente respondo com MUITO carinho às perguntas de todos vocês. Achei muito pertinente porque sempre falo dos tratamentos oncológicos de forma individualizada e aqui a questão é diferenciá-los entre si. Vamos lá:

📌O que é terapia alvo?

Em nossas células existem diversas proteínas/moléculas que formam “pontes” para o funcionamento adequado das células.

As células do câncer também possuem moléculas com esse mesmo papel. Atacá-las é o objetivo dessa terapia. Como temos um ALVO que está mais expresso nos tumores, os efeitos colaterais sobre as células normais é pequeno.

📌Qual a diferença entre a terapia alvo-molecular e a quimioterapia?

A maioria das quimioterapias agem impedindo a divisão das células e causam danos nas moléculas do DNA e/ou RNA. Como estes compostos regulam a multiplicação de TODAS as células humanas, sejam elas tumorais ou não, a possibilidade da ação da quimioterapia se estender às células saudáveis e causar efeitos colaterais é grande.

📌Por que então, todas as pessoas com câncer não recebem esse tratamento?

Nem todos os tumores apresentam um ALVO conhecido. Em geral, temos opções para os seguintes tipos de câncer: Rim, pulmão, leucemia, fígado, intestino, mama, etc.

Mas MUITA CALMA NESSA HORA! O tratamento depende do subtipo desses tumores (visto na imunohistoquímica), do estado geral do paciente, de outras possíveis doenças já pré-existentes, etc. Ou seja, NÃO são todos os tipos de câncer de mama, nem todos os de pulmão e assim sucessivamente, que usarão esse tratamento.

📌E a imunoterapia? Como funciona?

Trata-se de uma opção completamente diferente da quimioterapia (onde o foco é o ataque a célula cancerígena). A imunoterapia age aumentando a imunidade dos pacientes, para que o organismo fique protegido do ataque de células que sejam diferentes das normais (no caso, as de câncer).

E os efeitos colaterais?⠀

Como as células normais não são acometidas (como na quimioterapia), os sintomas são muito menores. Esses pacientes não têm queda de cabelo, náusea, etc. Porém, com a imunidade exarcerbada reações como alergias, diarréia e infecções no pulmão podem acontecer. Mas frequência desses efeitos é pequena.

📌Todos podem usar?

Não. Existe aprovação da imunoterapia para melanoma, câncer de pulmão, melanoma, mama e algumas outros tipos de câncer.

Em geral, a imunoterapia é usada para doenças mais avançadas e subtipos específicos. Da mesma forma que a terapia alvo, a decisão é caso-a-caso. Dependemos de vários exames, entre eles a imunohistoquímica para optar pelo seu uso.

📌E no câncer de mama?

Como a pergunta que recebi foi de uma paciente com CÂNCER DE MAMA, vamos falar sobre ele:

TERAPIAS ALVO: São várias, mas citarei os mais comuns. Não caberão todas aqui, e meu objetivo maior é vocês verem como são inúmeros e INDIVIDUALIZADOS os tratamentos:

🔸Anti-HER2 (para tumores HER2 positivos): trastuzumabe, o pertuzumabe, lapatinibe e trastuzumabe-emtasina;

🔸Bloqueadores de CDK4/6 (para tumores receptores hormonais positivos, Her2 negativos metastáticos): palbociclibe, ribociclibe e abemaciclibe;

🔸Bloqueadores da mTOR(também para o mesmo perfil anterior): everolimus.

IMUNOTERAPIA para câncer de mama: é uma droga anti-PDL1 chamada Atezolizumabe, indicada como o PRIMEIRO tratamento em pacientes triplo negativas com metástase.

Não é uma droga para TODAS as pacientes. Para usá-la é necessário fazer uma “retestagem” no material da cirurgia (ou da biópsia) e checar se o tumor em questão é produtor de PD-L1.

Vale lembrar que é uma droga relativamente nova, ainda não está amplamente disponível. Mas aos poucos isso acontecerá.

Vários estudos estão sendo realizados para que novas opções surjam. Provavelmente, no próximo mês teremos novidades. Contarei por aqui. 👏