Se você não entende, vou explicar… 😊
Olhar além!
#OutubroRosa é prevenção sim, mas engloba milhares de pessoas que não se sentem ouvidas o ano inteiro. Segue assim, mais um post de assuntos pouco vistos por aí!
Nesse mês, fui procurada por um grupo trans para uma Live sobre o tema. E me aproximei um pouco de uma realidade muito pouco conhecida! 📣 É NECESSÁRIO LEVAR INFORMAÇÕES! É PRECISO FALAR SOBRE O TEMA. Muitas vezes, eles buscam e não tem acesso! 😕
Seria necessário, o dobro de espaço para eu conseguir passar tudo que gostaria, mas vamos lá:
📌Por que precisamos falar deles?
* No Brasil, os transgêneros chegam à quase 1% de nossa população. Ou seja, mais de 1,3 milhões de pessoas. Acredita-se que esse número seja muito subestimado, muitos ainda escondem e/ou não são reconhecidos;
* Em geral, fazem uso de grande quantidade de hormônios, o que pode aumentar o risco de apresentar câncer de mama.
📌E também:
* Quando buscam atendimento, muitas vezes são discriminados, o que pode desestimulá-los;
* As diretrizes são pouco divulgadas e ainda são pequenos os números de pesquisas nessa população.
📌Por que não existem tantos estudos?
Grande parte dessa população ainda tem menos de 50 anos (a maior incidência do câncer de mama é a partir dos 50 – 60 anos), pois os tratamentos para mudança de gênero têm pouco tempo de liberação e acesso;
A expectativa de vida é menor do que a população geral devido a: questões econômicas, maior incidência de outras doenças, menor acesso ao sistema de saúde, maior risco de violência, etc.
📌Algumas definições:
DISFORIA DE GÊNERO: Sofrimento intenso com o sexo original, principalmente no período da puberdade. Além disso, está presente um desconforto ao serem cobrados pela sociedade a agir como membros do sexo que não se identificam.
CISGÊNERO: Corresponde a uma pessoa cuja identidade de gênero coincide com o sexo biológico.
TRANSGÊNERO: É um indivíduo cuja identidade de gênero difere em diversos graus do sexo do nascimento.
TRANSEXUAL: É a pessoa que busca ou passa por uma transição social que pode incluir a transição por tratamentos hormonais ou cirúrgicos a fim de se assemelhar com sua identidade de gênero.
HOMEM TRANSEXUAL: homem que foi designado ao sexo feminino quando nasceu, contudo, este se atribui ao gênero masculino.
MULHER TRANSEXUAL: mulher que foi designada ao sexo masculino quando nasceu, contudo, esta se atribui ao gênero feminino.
📌Quais os riscos?
MULHERES TRANS – uso de hormônios femininos com ou sem bloqueadores de androgênios. O uso de hormônios femininos aumenta o risco de câncer de mama. Vale lembrar que a terapia nas mulheres transgênero envolve quantidades grandes de hormônio e tempo prolongado.
HOMENS TRANS – uso de hormônios masculinos. Apesar de poucos estudos sobre o assunto, acredita-se que o uso de hormônios masculinos aumenta o risco de câncer de mama por alguns motivos: parte destes hormônios é convertida em hormônios femininos e alguns tumores podem ter receptores de androgênio.
📌Tem mais:
HOMENS TRANS – mastectomia masculinizadora. A retirada das mamas diminui o risco de câncer de mama, conforme já foi demonstrado em estudos com mulheres de alto risco. Estima-se que esta redução seja de 80% a 90% no risco durante a vida.
📌Resumindo:
MULHERES TRANS – têm cerca de 2% a 3% de risco de câncer de mama durante a vida. Isso é bem maior que os homens cisgênero e menor que as mulheres cisgênero.
HOMENS TRANS – têm cerca de 2% de risco de câncer de mama durante. Novamente menor que mulheres cisgênero e maior que homens cisgênero.
LEMBREM: Hábitos de vida saudáveis sempre são bem-vindos e podem mudar a história. Antes, durante e depois do diagnóstico e tratamento.
Algumas considerações finais, sobre o rastreamento:
🔸A Sociedade Americana de Radiologia defende que os exames nas mulheres trans sejam feitos da mesma forma que as mulheres cisgênero.
🔸Homens Trans que fizeram mastectomia não precisam de mamografia, mas o exame clínico das mamas é aconselhado, principalmente naquelas pessoas com história familiar de câncer de mama ou ovário.
🔸Homens Trans que permanecem com as mamas, devem fazer a mamografia anual, a partir dos 40 anos.
O diagnóstico e o tratamento do câncer de mama são semelhantes à população cisgênero. As chances de cura também são semelhantes. Vamos nos unir, distribuir informação e acolhimento. Contem comigo.
📜 FONTES:
1 – BMJ. 2019 May 14;365:l1652. doi: 10.1136/bmj.l1652
2 – Site da Sociedade Brasileira de Mastologia
3 – JAMA Surg. 2018;153(12):1164. doi:10.1001/jamasurg.2018.3227