Por que algumas pacientes recebem Tamoxifeno e outras, Anastrozol?

Por que algumas pacientes recebem Tamoxifeno e outras, Anastrozol?

Primeiro, quero agradecer a vocês pelas perguntas que recebo na caixinha dos stories que abro aos finais de semana.

Tire suas dúvidas

Por que algumas pacientes recebem Tamoxifeno e outras, Anastrozol?

Elas se transformam nesses posts que podem ser compartilhados e acabam levando informação para MUITA gente.

Quanto mais entendimento, mais seguros nos sentimos. Isso não tem preço!

Começando pelo começo….

O que são esses “bloqueadores hormonais”?

São medicações que atuam em células tumorais que podem estar em qualquer parte do corpo (e não só na mama), impedindo que elas recebam os hormônios femininos, bloqueando seu crescimento.

Até 80% dos cânceres de mama possuem receptores hormonais positivos (vemos isso no exame imuno-histoquímica feito após a biópsia) e nesses casos realizamos o bloqueio hormonal. Em geral, após a cirurgia/quimioterapia para diminuir o risco da recidiva ou, eventualmente, antes da cirurgia e na metástase.

TAMOXIFENO

É usado desde os anos 70, extremamente seguro e eficaz a (apesar de tantos rumores que rodeiam seu nome), sem dúvida nenhuma um dos medicamentos que mais salvou vidas na oncologia.

Em geral, é indicado para mulheres diagnosticadas com câncer de mama e ainda não entraram na menopausa (apesar de podermos usar nas que estão na menopausa, também).

Ah! Muita gente acha que ele é uma quimioterapia!

Não é!

Nem todas as medicações usadas para tratar câncer são quimioterápicos. Existem bloqueadores hormonais, imunoterapia, terapias-alvo, inibidores CDK4/6, etc.

TAMOXIFENO POR 5 OU 10 ANOS?

Primeiro é importante entender como chegamos a conclusão de quanto tempo devemos usar medicações em geral: não é uma decisão pessoal, mas, sim, um aprendizado trazido por inúmeras pesquisas científicas!

Os primeiros estudos foram com o uso do Tamoxifeno por um a dois anos. Ao longo do tempo, aprendemos que havia maior benefício com 5 anos.

Novos trabalhos saíram e vimos que algumas mulheres apresentam maior resposta com 10 anos de tratamento.

Nesse grupo, estão aquelas com tumores maiores e com crescimento mais rápido. Por isso, é fácil entender por que a escolha vai ser sempre feita de forma individualizada. Cada paciente é única!

ANASTROZOL, LETROZOL e EXAMESTANO

Antes da menopausa, a maior parte do estrogênio é produzida pelos ovários. Depois, quando os ovários deixam de “funcionar”, uma pequena quantidade de estrogênio ainda é produzida pela enzima aromatase em nossas células de gordura.

Os inibidores da aromatase agem bloqueando essa enzima diminuindo a produção de estrogênio.

Por isso, é indicado para mulheres que já estão na menopausa, seja induzida ou não.

POR QUANTO TEMPO?

ASSOCIAR OU NÃO AO TAMOXIFENO?

Podemos usar a hormonioterapia de diversas formas:

  • Tamoxifeno por 5 – 10 anos;
  • Inibidores da aromatase por 5 anos;
  • Tamoxifeno por 2 – 3 anos mais um inibidor de aromatase até completar 5 anos;
  • Tamoxifeno por 5 anos mais 5 anos de inibidor da aromatase.

E, novamente, É ESSENCIAL entender que existem vários fatores que interferem nessa decisão, entre eles: a idade da mulher, efeitos colaterais, história prévia de doenças, estar ou não na menopausa, e características do tumor (tamanho, comprometimento da axila etc.).

ABLAÇÃO OVARIANA (“Zoladex” ou radioterapia ou cirurgia):

Em algumas mulheres indicamos a indução da menopausa.

O Zoladex® é aplicado através de uma injeção subcutânea. Tem outras indicações de uso, como no câncer de próstata, preservação da fertilidade durante a quimioterapia, etc.

E, assim, como na decisão sobre qual droga escolher e sua duração, seu uso tem relação com a história da mulher e as características tumorais.

Em geral, tumores mais agressivos e mulheres mais jovens são as que recebem essa abordagem.

Alguns temas não couberam aqui.

Existem VÁRIOS (MUITOS MESMO!) posts sobre as outras medicações existentes e sobre como manejar os efeitos colaterais (PODEMOS MELHORAR MUITO TODOS ELES!)

É importante lembrar que não falei sobre o uso dessas drogas para os carcinomas ductais IN SITU. Para eles, também fiz publicações por aqui.

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