Um post dedicado a familiares de pacientes oncológicos (e a todos que os amam)

Eu fazia assim:

Todo dia, pela manhã, perguntava:

“Como estamos?”

Afinal, nunca a doença será só do outro. Ela é de quem está a volta e, principalmente, daqueles que amam o paciente.

Sempre me colocava à disposição e tentava não ser a “chata” que fica o dia todo em cima, conferindo se está tudo bem. Às vezes eu não conseguia e era “super grudenta”.

Não chego a me arrepender com os exageros que cometi, tenho a certeza de que foram por excesso de zelo. Mas se fosse hoje, faria diferente.

Ia ser melhor para ele. O sossego faz parte da cura.

Consegui manter meu autocuidado na época. Talvez porque sabia que precisava estar bem para ele, para o meu trabalho e para meus filhos ainda pequenos. Mas não foi fácil.

Sugiro que esteja à disposição para acolher, converse sobre outros assuntos. Quem sabe vocês possam passear, ofereça ajuda, abrace (o toque é terapêutico, mas só se o outro quiser!) e apoie, sempre.

Cuide-se!

São dias difíceis que trazem muito autoconhecimento e reflexões.

No seu devido tempo, um dia depois do outro.

Um post dedicado a familiares de pacientes oncológicos (e a todos que os amam)

Na verdade, essa é uma continuação do post fixado no perfil onde coloquei frases que os pacientes que estão passando pelo câncer ouvem (e não deveriam ouvir).

Recebi várias mensagens de agradecimento, algumas MUITO emocionantes e resolvi falar de quem está do outro lado: os familiares e amigos.

Quem leu meu primeiro livro sabe que quando fui familiar de paciente também chorava sozinha no meu carro.

Digo “também” porque quem está com câncer sofre (e chora) MUITO sozinho (e escondido).

Mas aqueles que são próximos sofrem tanto ou até mais (como sugerem algumas pesquisas) que o próprio paciente.

Ver quem a gente ama sofrer é muito angustiante!

Mas ainda muitas vezes o acompanhante sofre, mesmo quando o paciente não está sentindo NADA.

Seja a preocupação com o prognóstico da doença, o tratamento com os sintomas, em como ajudar a resolver essas queixas (uma comidinha gostosa ou a busca pela vitamina que “dê uma levantada”, etc.) e várias outras questões que nem mesmo imaginamos.

Eu lembro que quando meu pai ficava um pouquinho mais quieto (só quem leu meu livro vai entender essa), eu ficava doida! Achava que ele estava sentindo algo e não queria me contar.

Perguntava tanto que chegava a incomodá-lo. Na maioria das vezes, ele só queria ficar quieto. Foi muito difícil.

Por que eu estou falando isso?

Porque da mesma forma que só o paciente sabe o tamanho da sua dor, o familiar também passa por isso.

E por não querermos dividir nosso sofrimento (para não ver quem amamos sofrer), grandes silêncios são criados.

Esses silêncios podem criar muitos mal-entendidos.

Então, como agir?

Tudo o que eu escrevo sobre este tema é baseado nas minhas vivências, tanto pessoais como na minha rotina com pacientes.

Mas tenho certeza de que não existe fórmula mágica. Ninguém está preparado para passar por isso. Fato! Acreditem que ajudar e dar apoio muitas vezes consiste em estar por perto. Sem perguntas, opiniões e cobranças.

Apenas estar a postos para ouvir e escolher.

Deixe o outro decidir o que quer compartilhar.

Outra dica: Cuidem -se!

Infelizmente, é muito comum os cuidadores perderem seu autocuidado ao longo dessa caminhada. Não façam isso!

Se a ansiedade e a tristeza estiverem fortes demais, procurem ajuda!

Psicólogos não são só para pacientes e NINGUÉM é super-herói.

Mantenham as suas atividades físicas, o contato com os amigos, as atividades que dão prazer e os hábitos de vida saudáveis.

Lembre-se sempre que no avião, quando caem as máscaras de oxigênio, devemos colocá-las primeiro em nosso rosto.

Só podemos cuidar bem de alguém se estivermos bem.

A vida é feita de ciclos e cada ciclo tem seu tempo.

O tempo de cada pessoa é único.

Não se cobrem tanto. Não se culpem.

Muitas vezes, ao nos aprofundarmos na dor do outro, nos abandonamos. E não, não é fácil. Cuidar exige paciência e parcimônia.

Não sufocar o outro, dar espaço, acolher e ouvir. Esteja presente, ame e cuide, mas nunca de si.

Vamos fazer esse carinho durar o ano todo!

Vamos multiplicar amor.

Um comentário sobre “Um post dedicado a familiares de pacientes oncológicos (e a todos que os amam)

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